Foi a pior partida do Fluminense desde a derrota por 4 a 3 para o Volta Redonda, nas finais do Cariocão. Contra o Treze, não faltou raça, disposição, profissionalismo, vontade de vencer. Mas houve muitos erros de passe, principalmente no chamado #último passe#, aquele que deixa o atacante na cara do gol. E as finalizações também foram muito ruins, o que demonstrou o nervosismo de todo o time, sem nenhuma razão aparente para tal. Era um adversário teoricamente fraco, um jogo com apoio da nossa torcida (decepcionante, sim, mas quem é que gosta de ir a São Januário?), e não havia motivo para o nervosismo.
O time apresentou ainda um outro defeito que parecia corrigido: a falta de mobilidade, de ultrapassagens, principalmente no primeiro tempo. O jogador recebia a bola, olhava, esperava, e ninguém se apresentava e nem passava em velocidade para receber. Um time estático. E nossos melhores talentos estavam sem o brilho habitual, como o Arouca e o Gabriel. Uma outra coisa chamou a atenção, e tomara que seja apenas uma impressão: o olhar distante do Abel, sentado em uma placa de publicidade, sem demonstrar 100% de envolvimento com o jogo, embora gritando como sempre. Nem quero especular as razões, e espero que seja, como disse, apenas uma impressão.
Acho, inclusive, que o Abelão mexeu errado no intervalo, uma das raras vezes em que isso acontece. Em vez de tirar o Diego para pôr o Alex, deveria ter tirado o Juan, que estava com cartão amarelo, muito visado pelo juiz e pelos adversários, e errando tudo o que tentava. Com o Diego, o time se manteria mais encorpado no meio, já que ele tem grande presença física e excelente chute de fora da área. Quando o jogo se tornou um grande abafa, com pressão total, o nervosismo aflorou de vez. Teria sido muito melhor trabalhar a bola, tentar envolver os paraibanos, de preferência pelas laterais. Grande atuação do Leandro, apesar do nervosismo, dos olhos vidrados e da cara alucinada. Gol de pura raça # e com o Leo Guerra impedido e tentando tocar na bola, o que estragaria tudo.
Nosso time se ressente muito da ausência de um cobrador de faltas. Ninguém agüenta mais o Juan batendo tudo, faltas, escanteios # só falta bater tiro de meta. Quando nosso melhor cobrador, o Preto, não joga, por que não dar chance ao Gabriel, para cobranças próximas à área, e ao Diego, para tiros mais longos? Parece que não há treinamentos de tiros livres. O Juan, pelo menos, demonstra que não treina, e se treina, treina mal. Outra coisa: é muito estranho ver São Januário coberto pelas nossas bandeiras e nossas cores. Aquilo ali é território inimigo, não tem jeito. De qualquer modo, mesmo jogando mal, vencemos, chegamos à nossa sexta vitória consecutiva e ao terceiro jogo da Copa do Brasil sem tomar sequer um golzinho. Kleber está virgem há 270 minutos, fora os descontos. E temos time e colhões pra ganhar lá dentro, em Campina Grande. É um time guerreiro, que não desiste e não se intimida, ao contrário do time do ano passado. Em um jogo como o desta quinta-feira, o Felipe seria um tremendo reforço, porque seria o fator de desequilíbrio, de imprevisibilidade.
Para variar, a parte amarga: juiz horroroso e mal intencionado e transmissão pelo Sportv parcial, horrenda e desrespeitosa. Pelo menos três pênaltis escandalosos deixaram de ser marcados: um no Leandro, no primeiro tempo, e dois no Alex, no segundo. Tão escandalosos que os próprios torcedores-narradores reconheceram, em bora timidamente. O Alex levou um empurrão com as duas mãos quando arrancava para o gol, assim que entrou em campo. O mongolóide que narrava o jogo fingiu que não viu, e aí o repórter Rui Guilherme teve que intervir e gritar #foi pênalti sobre o Alex#, praticamente interrompendo as bobagens que o seu quase xará João Guilherme vomitava.
O terceiro pênalti, o segundo sobre o Alex, foi um violento pontapé no peito do nosso avante, aplicado por um gordão de cabelo oxigenado, uma mistura de Sandra de Sá com Genival Lacerda, que entrou no segundo tempo para bater e intimidar. A pancadaria comeu solta, soladas, pontapés por trás nos tornozelos, empurrões, mas o juiz #não viu#. Por coincidência, ele é mineiro, como nossos prováveis futuros adversários, Galo e Cruzeiro. E a transmissão do Sportv, visivelmente, torcia contra o Flu # não só locutor e comentarista, mas a transmissão como um todo. A ponto de, no primeiro tempo, editarem uma seqüência de lances ditos #violentos# do Juan e a apresentarem no meio do jogo. E pedirem a expulsão dele a todo momento. Na verdade, eram apenas faltas bobas, pouco inteligentes, em nada comparáveis à real violência do time do Treze.
Mas lá na Paraíba vai ser pior. Devem escalar uma dupla de torcedores locais, como aconteceu no jogo contra o Paysandu # afinal de contas, a esmagadora maioria dos que vão assistir ao jogo é de torcedores do Treze. E imagino (ou melhor, nem quero imaginar) a arbitragem que teremos pela frente. Possivelmente, desta vez, em vez de um mineiro, será um paulista...
Fluminense 1 x 0 Treze: Kleber; Antônio Carlos, Marcão (Leo Guerra) e Fabiano Eller; Gabriel, Arouca, Diego (Alex), Juninho e Juan; Leandro e Tuta. Gol: Leandro, por volta dos 30 minutos do segundo tempo.
Cartões amarelos: Kleber, Fabiano Eller, Juan, Arouca, Juninho, Leandro e Alex (por apanhar demais).

Cézar Motta - cezar_motta@uol.com.br