A ideia, ainda muito distante, de uma Libertadores que incluísse a Concacaf (América Central, México e Canadá) e a MSL (liga de futebol dos Estados Unidos) elevaria o padrão de receita dos clubes mais fortes da América do Sul a padrões próximos, por exemplo, aos de Portugal. Será difícil e demorado, mas é possível.

Pelo que vem sendo divulgado, o supertorneio já poderá ser realizado em 2020, o que considero pouco provável. Dentre as possibilidades em estudo, uma finalíssima em Miami é o mais viável, porque é um cidade rica, com estrutura e bem centralizada entre os três continentes.

O grande fator de mudança seria a força dos patrocínios que poderão vir dos Estados Unidos. O futebol lá está em crescimento, tem bom apelo até mesmo entre os não-latinos, e até mesmo em cidades canadenses, cujos clubes já investem em estrelas do futebol europeu que iniciam um processo de declínio atlético.

A televisão, com transmissão para todo o mundo, seria outro furacão financeiro e de marketing. Um problema será o das distâncias a ser percorridas. Mas já tivemos por dois anos consecutivos (ou mais) a participação de clubes mexicanos na Libertadores, e todo mundo se virou bem. A logística seria um problema.

Outro problema é a gigantesca diferença cultural entre a gestão esportiva sul-americana e a norte-americana e canadense. Quando olhamos para a Champions League, há o fator moeda única, à exceção de alguns países do Leste Europeu, e as menores distâncias a percorrer para os clubes.

Uma Libertadores com tal dimensão seria espetacular, porque alguns dos clubes norte-americanos contratam grandes estrelas que, embora já no ocaso, ainda brilham. Ibrahimovic, David Beckham, Gerhard e vários outros andam ou andaram por lá.

E aí olhamos para o nosso Fluminense com profundo desgosto. Uma Libertadores de todas as Américas nos levaria talvez a uma posição ainda mais secundária no futebol brasileiro. Fico imaginando que, hoje, o torneio se destinaria a poucos times do país: os paulistas, os dois mineiros e os dois gaúchos, além do Flamengo.

O mais provável é que nossa perda de substância e relevância seria ainda maior.

Cezar Motta - cezar_motta@uol.com.br