Ressuscitador de cadáveres, de defuntos. Esta é a sina do Fluminense. Desculpem, amigos, mas estou amargo. Perder em casa para o Curintcha, e com o Leão, é trise.

Prezado cliente, o seu time está moribundo, caindo pelas tabelas, prestes a ser rebaixado, em crise? Salários atrasados, torcida revoltada, auto-estima em baixa? Pois seus problemas acabaram! Jogue contra o Flu e vença! Ressuscite!!

Esta é a nossa sina há mais de dez anos.

O nome dessa sina é amadorismo. Improvisação.

Não é aceitável que, com 10 minutos de jogo, o Fluminense esteja perdendo em casa por 2 a 0 para o lanterna do campeonato. Os mais otimistas dirão: #Ah, mas não é um lanterna qualquer! É o Curintcha da mídia, do Lula, da Rede Globo, da CBF, do um-zero-zero, da MSI, dos subornos!#.

Não interessa! Mesmo contra o time da máfia, sem cinco ou seis titulares, não podemos tomar dois gols em dez minutos de um bando em crise e na lanterna do campeonato # dois gols idiotas, que determinaram mais uma derrota inaceitável.

Parecia que o Flu é quem era o lanterna, desesperado e desorganizado, contra o líder do campeonato!

Eu, amigos, confesso que não aceito uma derrota assim.

Um empate até seria aceitável, pela tradição do Curintcha. Pela motivação do técnico novo deles, o cafajeste Leão, que tem prazo de validade de três meses (enforca-se com a própria corda).

Pelo talento dos jogadores criados no Flu, como Carlos Alberto e Roger. Pelo brilho do Tevez e pela personalidade, garra e categoria do Mascherano. Tudo bem, eles têm elenco.

Mas, aí, somos obrigados a ver o Tuta atuar novamente como uma parede # a bola bate nele e volta em sentido contrário, ainda com mais força. Velocidade zero. Reflexo zero. Precisão, menos dois (ou seja, abaixo de zero). Uma aula de física em chuteiras.

Vemos, entristecidos e frustrados, o fim de carreira do Petkovic, que faz questão absoluta de demonstrar sua desmotivação, sua decadência, sua falta de interesse.

Somos obrigados a engolir o Rogério, com um preparo físico, uma velocidade, uma dinâmica de jogo de times de masters, de churrasco ou feijoada de fim de semana, à altura apenas das peladas de velhos garçons do Aterro do Flamengo, de madrugada.

Rogério tornou-se um carimbador de bolas, um burocrata cansado e desinteressado do jogo. Lento, preguiçoso, mole. Fim de carreira?

Realmente, sofremos dois gols idiotas no começo do jogo: no primeiro, com dois minutos de jogo, houve a desatenção inaceitável, que permitiu a um elemento exótico chamado Eduardo Ratinho atuar como um ponta-direita dos tempos românticos e cruzar para um Tevez livre na área, solto, quase em crise de solidão.

No segundo gol, aos 10 minutos de jogo, o Carlos Alberto recebeu na ponta direita uma bola longa, difícil.

Ele estava costas para o gol e para o campo. Uma bola inútil, perdida, insisto. Ele nada poderia fazer. Mas foi lá o Romeu e aplicou-lhe uma inútil porrada por trás # mesmo com dois outros jogadores do Flu no lance, dando-lhe cobertura. Era uma jogada morta.

Mas o nosso Romeu, Q.I. de minhoca, de ameba, aplica a porrada sonhada pelo Carlos Alberto, que ia sair com bola e tudo.

Pura burrice, de jogador que, realmente, não tem futuro em time grande. Pobre Romeu, pobre menino cheio de sonhos, e pobres de nós, tricolores, que temos que aturá-lo... !

Na cobrança da falta pela direita deles, o péssimo grandalhão Marinho, que não joga há mais de seis meses, marcou de cabeça, em uma bola fácil, ridícula, à meia altura.

Tudo errado. Falhas primárias, de time amador, de várzea. #Ah, mas o Flu estava sem sua zaga titular, estava desfalcado#, dirão os ingênuos, românticos e otimistas. E eu respondo: #O Curintcha também! E jogava fora de casa, sob pressão, na lanterna do campeonato!#

No intervalo, garanti aos meus filhos: #vamos virar#. Mas, confesso, não tinha muita esperança. Não faltou raça e nem vontade aos jogadores.

Acho um erro absurdo que a nossa torcida vaie o Fernando Henrique, o Jean, o Rissut. Aliás, o Josué começa mal. Tirar de campo o Rissut com 15 minutos de jogo é de uma covardia inaceitável. Não se faz isso com um profissional.

Se o Josué quiser realmente ser um técnico de futebol, tem que parar de freqüentar sites de torcedores, de ouvir opiniões de torcedores e de tentar fazer média. Tem, isso sim, que seguir suas próprias convicções # a menos, claro, que não as tenha.

Se ele tirou o Rissut com 15 minutos, é porque não tinha confiança no jogador. Então, que não o escalasse. Confesso minha decepção. Principalmente quando, no começo do segundo tempo, na base da raça, o Flu teve duas faltas quase na linha da área do Curintcha.

A gente lê todo dia nos jornais: o Pet não treina mais cobranças de faltas, não se interessa mais por isso, e nem pelo time.

Ao contrário dele, o Pitbull e o Rogério treinam e faturam a maior parte das cobranças durante a semana. Na hora H, no entanto, durante o jogo, quem é que bate todas as faltas? Justamente quem não treinou e, quando tentou, errou tudo: Petkovic.

Por que pôr o Anderson no lugar do Jean? O Josué, segundo os jornais, barrou o Gabriel Santos por causa da torcida. Se fez isso, errou. Não que o nosso Gabi Santos seja um grande jogador. Longe disso. Mas a torcida não pode escalar time.

O Josué tem que ter suas próprias convicções e certezas, suas próprias idéias, e tem que respeitar os profissionais que trabalham com ele. Não confia no Rissut? Então, não o escale em um jogo importante, dê a ele a chance de procurar outros caminhos.

Mas vamos ao segundo tempo: o Flu teve raça, os jogadores guerrearam o tempo todo, mas faltou tática, arrumação em campo. E, principalmente, faltou talento.

Garra não faltou, repito. Ninguém pode ser acusado de apatia. Rogério e Petkovic, os mais sumidos em campo, os mais moles, claramente, não têm mais condições físicas e nem motivação para jogar profissionalmente. Pelo menos não no Flu. É possível que, em outro time, reencontrem o prazer e a motivação. Mas no Flu, sinceramente, não dá pra agüentar mais a dupla.

Resta dar um crédito de confiança ao Josué. Os jogadores estão a fim. Mas na base da bagunça tática, do #vâmu lá, rapaziada#, não vai dar. O Tevez, sozinho e com o tornozelo bichado, no segundo tempo, deu show de bola na nossa rapaziada.

O Carlos Alberto matou a pau. Enquanto isso, o Pet, o Tuta, o Pitbull, o Rogério, o Beto (o que será que neguinho vê no Beto?? Por que gostam tanto dele??) apanhavam vergonhosamente da bola.

Tática, planejamento de jogo, zero! O Josué passou a segunda e a terça-feira em estado de euforia, prometendo analisar o Curintcha do Leão e o Curintcha do Ademar Braga, detectar suas diferenças, explorar as falhas. Esqueceu-se de pensar o Fluminense, de treinar seus jogadores.

Cuidado, Josué, com o deslumbramento! A mídia incensa, põe nas alturas, mas destrói rapidamente. Não confie em jornalistas, confie em seu trabalho e, repito, em suas convicções.

Destaques no Flu: a raça e a vontade da maioria do time. As atuações individuais de alguns poucos jogadores, com realce especial para o Fernando Henrique # um dos três melhores goleiros do campeonato, sem dúvida.

Mas, infelizmente, sofremos pelas falhas táticas, pelos desfalques e pela insegurança de alguns jogadores, além da visível decadência de outros. E pela bagunça tática que é o time.

O Josué tem crédito, mas não pode escalar um jogador e tirá-lo com 15 minutos de jogo. Isso demonstra falta de convicção, além de ser uma sacanagem com o profissional, que não teve culpa de nada. Se não confia, não escale (como nenhum torcedor do Flu escalaria, aliás). Enfim, esperamos todos ansiosos pela defesa titular, Thiagos e Roger.

Torcemos por uma organização tática, um time que jogue sabendo o papel que cada um tem que cumprir, que tenha segurança em campo. Mas, principalmente, torcemos desesperadamente por um título importante, o Brasileiro ou a Sulamericana, pela vaga na Libertadores, por investimentos mais criteriosos e um planejamento mais eficiente para o ano que vem.

Quando digo #investimentos#, não digo que foram baixos. Nada disso. Eu fui um dos otimistas para este ano.

Digo apenas que alguns investimentos foram equivocados, embora jogadores como o Rogério e o goleiro reserva Diego tenham sido unanimidades entre a torcida. Apostávamos neles e assumimos o erro.

Mas o planejamento para a escolha do técnico (Ivo Wortman e, depois, o Paída e o Osvaldinho), a contratação de jogadores como Evando, Rissut, Adriano Magrão, Pitbull, Pedrinho, a própria renovação do Petkovic, do Tuta, do Gabriel Santos, foram erros terríveis. Um orçamento assim, mereceria um time melhor.

Claro que há diferenças entre jogadores pagos pelo clube e os que são pagos pela Unimed, mas o erro foi do Flu # ou melhor, de quem dirige o futebol do Flu. Eles escolheram e planejaram. Pôr a culpa no patrocinador é um erro, é o que querem os inimigos.

Toda essa peroração serve apenas para dizer que nenhum torcedor do Flu aceita mais perder para o Curintcha e nem para o canalha e cafajeste Emerson Leão em pleno Maracanã. Não aceitamos mais isso!! Que fique claro para qualquer profissional do Fluminense!

Há coisas inaceitáveis para nós, que machucam, que revoltam um torcedor tricolor, e isso precisa ser transmitido aos jogadores. São traumas antigos!

E estas coisas inaceitáveis são:

1)Derrota para o Curintcha; 2) Derrota pra times dirigidos por Leão; 3) Derrotas para o Atlético Paranaense; 4) Derrotas para times cariocas, seja a Cachorrada, o Vasco ou os Urubus. Nada disso é admissível; 5) Derrota para o Parmêra ou o São Paulo # aliás, nenhuma derrota para paulistas é admissível; 6) Perder finais de torneios ou campeonatos, quaisquer que sejam. 7) Salários atrasados e queixas de profissionais do clube em relação a isso. Jogadores e funcionários têm que ter orgulho de estar no Flu.

Mas os jogadores, o técnico, a direção do futebol do Flu (isso existe??) não percebem isso. O Josué, aparentemente, está mais preocupado em agradar à torcida do Flu, por meio do afastamento de alguns jogadores, e em busca de elogios da chamada média. Josué, cague para á mídia!

Está tudo errado! Tem que apostar em suas convicções (desde que tais convicções não sejam nem o Bruno, nem o Ângelo). Mas ele, o Josué, tem um crédito de confiança pelas próximas rodadas. Coragem, Josué!
FLUMINENSE 1 X 2 CURINTCHA: Fernando Henrique (9); Marcão (5), Djordjevic (5) e Roger (5); Rissut (sem nota, saiu com 15 min) depois Beto (4), Rogério (4) depois Radamés (sem nota, jogou menos de 15 minutos), Romeu (4), Petkovic (4) e Jean (5) depois Anderson (sem nota); Tuta (4) e Cláudio Pitbull (4).
Técnico: Josué Teixeira (4).
Gol: Tuta, de pênalti, aos 25 minutos do primeiro tempo (tempo suficiente pra uma virada).
Cartões amarelos: Marcão e Petkovic.

Cezar Motta - cezar_motta@uol.com.br