Que 2006 Tenha um Final Melhor - Por Cezar Motta. - 18/12/2005

O sabor que ficou na boca foi amargo, mas 2005 foi o melhor ano do Fluminense desde 1995. O planejamento de curto prazo, para 12 meses, foi bem feito, o melhor em 20 anos.

Nesse período pós-Schwartz, Só em 2000 e 2001 houve um planejamento profissional decente para uma única temporada, mas as deficiências estruturais do clube estragaram tudo, como ocorreu também agora.

2005, no entanto, foi um ano que começaria com grandes expectativas, com promessas de grandes nomes como Petkovic, Felipe, mas que logo se frustrariam.

Pet e seu procurador acertaram tudo com o Flu em dezembro de 2004, mas o sérvio viajou para a sua terra natal e, antes do reveillon passado, chegaram as primeiras fotos dele sendo recebido, na Arábia Saudita, para jogar pelo Al Itihhad, rompendo a palavra empenhada.

Outras decepções foram as perdas de nomes quase certos, como Luizão, Alex Dias, Obina (que era quase uma unanimidade entre os torcedores do Flu), Aloísio Chulapa, Rodrigo Fabri e até Viola.

Abel insistiu e conseguiu, pelo menos, Felipe. E Preto Casagrande também chegou, para surpresa de todos, porque ninguém acreditava que o Flu conseguiria tirar um campeão brasileiro do Santos.

O centro-avante acabou sendo Tuta, que não entusiasmou ninguém. Leandro também chegou sob suspeitas gerais. Gabriel era uma esperança. Fabiano Eller, apenas uma promessa, porque estava retido no Qatar, embora com a palavra empenhada. Juninho, uma incógnita. O resto era mulambada: Lino, Leandro Eugênio, Marquinhos.

Havia ainda uma crise entre o Fluminense e a Unimed. Celso Barros queria manter Romário. Abel e a nova diretoria não aceitavam. Como o baixote não veio, houve quase um rompimento, que teria sido fatal para o Flu.

A Taça Guanabara foi horrível. Depois de uma estréia vitoriosa contra o Madureira, uma série de resultados ruins indicava que o time não teria futuro. Derrotas para Americano, Vasco e Cabofriense, empate com Olaria, e a agonia aumentando.

Na Copa do Brasil, da mesma forma, uma estréia calamitosa contra o Campinense da Paraíba: derrota de 1 a 0 lá em cima do mapa, e crise entre Preto, Abel e os jogadores mais novos.

Aos poucos, no entanto, o time foi-se acertando, apesar da suspensão de Felipe pelo soco no tal jogador do Campinense. Duas goleadas convincentes contra Flamengo e Botafogo, em atuações sensacionais, nos deram a Taça Rio, depois de boa vitória sobre o Vasco.

Veio o título carioca, de forma dramática, e irritou profundamente a mídia.Mas as esperanças se renovaram. Era o time mais competitivo do Flu em muitos anos.

O início no Brasileirão foi auspicioso. O time estava bem arrumadinho e era guerreiro, coisa de que estávamos desacostumados. Foram cinco vitórias seguidas, o que não se conseguia desde os anos 80. E uma invencibilidade de 13 jogos.

O péssimo trabalho de bastidores, no entanto, ajudou a nos tirar a Copa do Brasil. A ausência de Diego e Arouca no primeiro jogo contra o Paulista, em Jundiaí, foi decisiva para a derrota por 2 a 0. Os dois estavam em uma vagabunda e vira-latas seleção sub-20, sendo que Arouca era reserva!

O outro vacilo de bastidores foi permitir que a partida se realizasse no campinho sem vergonha de Jundiaí. O São Paulo, por exemplo, não aceitou jogar uma das finais da Libertadores contra o Atlético-PR na Arena da Baixada.

Houve ainda o erro do Abel ao mandar o time atacar o Paulista no segundo tempo, quando um 0 a 0 seria de bom tamanho. O técnico tirou o FErnando, que tinha sido covardemente pisado por um adversário nas barbas do notório larápio Wilson de Souza Mendonça, e meteu três atacantes.

Perdemos de forma humilhante a Copa do Brasil # principalmente se levarmos em conta o vexame do Flamengo no anterior. Ou seja, o mesmo técnico passou duas vezes pela mesma vergonha. Mas o time se reabilitou poucos dias depois, com uma boa vitória contra o Curintcha em São Paulo.

Quando começamos a caminhada pela Sul-Americana, no entanto, o técnico Abel mostrou que não tem espírito de vencedor, que não é talhado para grandes conquistas.

Abelão iniciou uma série de reclamações sobre cansaço, alegando que #jogador não é máquina#, e outras desculpas inaceitáveis.

Evidentemente, o choro, as lamentações, foram assimilados pelos jogadores. O clube luta, a torcida se desespera pela classificação para um torneio internacional, e quando consegue, somos obrigados a ouvir o chororô, a lamentação descabida.

Claro que a falta de estrutura do clube também dificulta vencer obstáculos como torneios simultâneos. A preparação física não é a ideal, as condições de trabalho são precárias etc.

A eliminação da Copa Sul-Americana para um time fraco e pouco competitivo como o Universidad Católica deixou uma lição que, espero, tenha sido aprendida. Não se pode jogar torneios internacionais, com árbitros sul-americanos, como se fôssemos um bando de moças do Colégio Sion.

Vencíamos tranqüilamente por 2 a 0 em São Januário, quando houve, no finalzinho, um daqueles cochilos insuportáveis e inaceitáveis de todo o time. E tomamos o gol que nos custou a vaga.

Lá em Santiago, novamente, Juan, como uma frágil donzela, perdeu uma bola perto da área, atirou-se ao chão pedindo falta em um lance duro, mas normal. E veio o gol antes do intervalo.

Tuta, em seguida, perdeu uma infinidade de gols e sofremos o 2 a 0 para um time que seria, em seguida, liquidado de forma inapelável pelo Boca Juniors, como se fosse um time de meninos jogando contra homens. Mais uma vergonha.

A esperança passou a ser o Brasileirão, onde vínhamos bem. A casa caiu de vez na derrota por 2 a 0 para o Vasco. Com direito a gestos de grosseria, falta de respeito e de educação e demonstrações de cafajestice de Romário contra a torcida e contra o goleiro Kleber, ao marcar de pênalti. Novamente, os bastidores foram decisivos.

O pênalti de Arouca, aos 4 minutos de jogo, jamais seria marcado se acontecesse do outro lado do campo. Os jogadores do Vasco abusaram dos lances violentos, cometeram pelo menos dois pênaltis.

Antes do jogo, a arapuca se anunciava: o notório ladrão e vigarista Márcio Rezende de Freitas foi ao goleiro Roberto, do Vasco, e tascou-lhe dois beijinhos na face, desejando boa sorte!!

O time de Eurico venceu e livrou-se de vez do rebaixamento. E este foi o começo da derrocada do Flu.

Foram cinco derrotas em seqüência, sem que Abel ou a diretoria tomassem qualquer providência, detectassem o que estava ocorrendo, afastassem jogadores.

Vimos, alarmados e chocados, uma absoluta e total falta de respeito com a camisa do Fluminense e com a torcida. Só cinco jogadores realmente tentaram reverter o quadro até o fim: Kleber, Marcão, Arouca, Petkovic e Leandro.

Em 2006, teremos um time mais forte, tanto física quanto técnicamente. O que não significa, obrigatoriamente, campanha melhor.Pelo menos aparentemente, a preferência é por jogadores guerreiros, fortes e vencedores.

O Fluminense sofre com a falta de uma estrutura de grande clube e com graves limitações financeiras, decorrentes de velhas e monstruosas dívidas e de gestões ineptas e/ou desonestas no final dos anos 80 e até o final dos 90.

É uma das piores estruturas de toda a primeira divisão do futebol brasileiro, inferior inclusive à de alguns pequenos clubes do Rio.

Nenhum técnico pode, por exemplo, realizar um bom trabalho em apenas um campo de treino # um campo obsoleto, ruim, como o das Laranjeiras. Ninguém consegue treinar 30 jogadores em apenas um campo.

São necessários quatro campos, para que todos os jogadores trabalhem igualmente, e para que se faça um rodízio nos momentos em que os gramados precisam de reforma.

Qualquer academia de ginástica mediana tem aparelhos que testam consumo de oxigênio, medem cansaço muscular, dão instrumental de trabalho aos preparadores físicos. O Fluminense não tem nada disso.

Enfim, 2006 promete ser melhor. O planejamento para o ano está sendo bem feito, os jogadores já escolhidos são competitivos, há promessa de mais qualidade ainda, a pré-temporada vai começar no momento certo e com o elenco pronto.

Falta, no entanto, o principal: estrutura, ou seja, CT moderno e estádio, coisas que nos tirassem de vez dos anos 50, onde estamos estagnados em matéria de futebol profissional.

O Fluminense treina nas mesmas condições em que treinavam Valdo, Escurinho, Castilho, Telê, sob as ordens de Zezé Moreira, nos anos 50. O mesmo campo único, a mesma falta de recursos - só que, em 1955, a precariedade era comum a todos os clubes grandes.

O que posso dizer, como consolo, aos amigos que tiveram paciência para ler até aqui, é que há gente séria no clube trabalhando duro para que tudo isso se torne realidade. Esperamos ter novidades nesse setor ainda em 2006.

Boas festas e um excelente ano (com pelo menos dois títulos) para todos os tricolores. Que venham o bi carioca, a Copa do Brasil e a Sul Americana ou o Brasileirão.

Cezar Motta - cezar_motta@uol.com.br


 
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