Amigos, sinto dizer cruamente, mas não gostei. Adorei, claro, eliminar o time do Eurico, mas não gostei do time.
O Fluminense arrastou-se em campo no segundo tempo, logo que o Vasco perdeu o medo e resolveu jogar.
Houve momentos em que achei que perderíamos no tempo regulamentar. Por que poupar tanto o time principal, se quando o jogo é pra valer ninguém se agüenta em campo?
Só não perdemos o jogo porque o time do Vasco é muito ruim, e enganou direitinho a #torcida do microfone#, formada pelo péssimo locutor do Sportv, o Escobar e o Júnior Capacete. Como lamentaram a eliminação do Vasco!
Washington não tinha mínimas condições de jogo, e atrapalhou os contra-ataques em diversos momentos. Parecia um zagueiro.
Com um minuto e meio de jogo, Conca tabelou com Júnior César, foi à linha de fundo, olhou para a área e... Washington, como um poste daqueles de concreto, meio quadrados, estava escondido atrás dos zagueiros do Vasco.
O argentino não teve opção a não ser cruzar rasteiro e torcer pra que um dos zagueiros falhasse. Não aconteceu.
Logo depois, antes dos quatro minutos, novamente o Flu pela esquerda, e desta vez Júnior César aplicou um drible da vaca no Wagner Diniz, mas novamente Washington não se colocou corretamente.
Morrendo de medo, o Vasco se preocupou no começo mais com a marcação. E foi acuado nos primeiros 10 ou 15 minutos. Mas com 10 em campo, justamente sem centro-avante fica difícil.
Palmas pelo sacrifício do Washington, um autêntico guerreiro, mas ele não tinha condições de jogo.
E o juiz e a transmissão do Sportv mostraram ao que vieram quando Washington e o tal Eduardo disputaram uma boa enfiada pelo Júnior César.
Os dois se embolaram pela direita, o nosso jogador caiu. Pareceu pênalti, mas o juiz não estava ali pra isso.
E, claro, aplicou cartão amarelo em Washington pela reclamação. Ao longo do jogo, Jonilson, Edmundo e, principalmente Antônio Lopes, reclamaram de forma muito mais ostensiva e espalhafatosa, mas o Larápio ignorou.
O Sportv não reprisou o lance, porque havia o risco de que fosse realmente pênalti. E aí ficaria ainda mais forte a suspeita contra o Ladrão.
O Larápio permitiu descaradamente o rodízio de agressões ao Thiago Neves, ao Conca, ao Washington, ao Júnior César, ao Gabriel.
No primeiro tempo, pelo menos, o time jogou bem, embora sem poder de fogo na área. No segundo tempo, entretanto, o time voltou dormindo, desligado do jogo, quase desinteressado.
Apenas Thiago Silva, Júnior César e Luiz Alberto pareciam interessados na vitória. O resto como que desistiu e tentava apenas levar o jogo para os pênaltis.
O Vasco, ao contrário, voltou com Jean em lugar do horrendo Alan Kardec. Pensei: só falta tomar gol de Jean, que chuta pior do que ninguém.
E encurralaram o Flu, que se deixou pressionar e não conseguia trocar dois passes. Aliás, o Flu tem excelentes jogadores, mas é muito mal treinado.
Quais são as jogadas ofensivas do Flu? As faltas na intermediária, que Thiago Neves joga na cabeça de Thiago Silva, de Washington, de Luiz Alberto ou de Roger, quando ele está em campo.
Se não há faltas, não há ataques organizados. São os chutões pra frente de Fernando Henrique, de Thiago Silva e de Júnior César. Quando a zaga do Vasco não rebatia, era Washington quem devolvia para eles.
Não vemos uma jogada de ultrapassagem pra aproveitar o talento de Gabriel nas tabelas, ou a velocidade do Júnior César. Houve apenas no início do jogo.
Edmundo cometeu pelo menos duas agressões e não recebeu sequer um cartão amarelo. Em uma delas, três jogadores chegaram chutando covardemente o Gabriel, ignorando a bola. Um deles, Edmundo, usou também as mãos, em tapas e socos nas costas do nosso lateral.
No meio do segundo tempo, o nanico Júnior César demorou muito pra rebater uma bola junto à linha de fundo e Edmundo veio com um carrinho criminoso, com ambos os pés no alto, pra acertar mesmo a sola na canela do nosso jogador. Se pega de jeito, quebra - como ele queria.
O ladrão sequer marcou a falta, deu lateral para o Vasco. Revoltados, os jogadores do Flu partiram para a reclamação e achei que ele expulsaria um dos nossos. Mas, aí, seria demais.
Aos 13 minutos do segundo tempo, aconteceu o que estava se desenhando desde o intervalo. Nosso time dormindo, Júnior César lá na frente, alguém lançou o Moraes, que penetrou como um ponta direita totalmente sem marcação.
Luiz Alberto ficou olhando a paisagem e não cobriu, Ygor desapareceu, Thiago Silva dormiu e Moraes cruzou. Luiz Alberto rebateu mal, de canhota, para o alto.
Júnior César, que vinha voltando, perdeu na cabeça, a bola foi a Edmundo que mais ou menos na linha lateral direita da pequena área chutou cruzado.
Fernando Henrique rebateu mal, porque fechava o ângulo esquerdo, Gabriel bobeou e Jean concretizou o pior dos nossos pesadelos.
O Flu deu a saída e eu confesso que não acreditava mais. Time mole, indolente. Aos 17 minutos, falta em Thiago Neves na intermediária do Vasco. Lopes quase invade o campo pra dar na cara do juizinho, que fugia do script.
É a única jogada de gol do Flu atualmente. Thiago Neves cobrou, um jogador do Vasco derrubou um do Flu, pênalti claro que não seria marcado.
Pra nossa sorte, Thiago Silva dominou e girou com um centro-avante clássico, um Flávio Minuano, um Ézio, um Gerd Muller, um Romário.
Dominou e girou de canhota no canto do Tiago. Golaço, de centro-avante, do melhor zagueiro do Brasil disparado, como disse o Júnior Capacete, e como escreve toda semana o Tostão.
Por um momento, achei que dava para a virada. Em uma metida de bola daquelas verticais do Conca para o Washington na meia-lua, o centro-avante sofreu um golpe de judô. Foi derrubado em alavanca com pernas e braços do zagueiro.
Se o juiz marca, poderia ser a virada. Mas o ladrão não estava mais ali pra marcar nada. Ignorou faltas violentas do Jonilson, do tal do Vilson, e sempre que o Flu lançava uma bola na área, ele marcava o famoso #perigo de gol#.
A partir daí, o Flu se arrastou em campo, desistiu de virar o jogo, Thiago Neves e Conca, que não entraram em campo no segundo tempo, sumiram de vez. Por que o Flu descansa tanto, poupa tanto os jogadores, e não agüenta jogar 90 minutos?
Fiquei também com medo da frase de Renato na entrevista pós-jogo: disse que vai liberar os jogadores #pra comemorar#. Comemorar o quê? Isso significa carta branca pra cair na noite?
É preciso lembrar que o Flu joga na quinta-feira contra a LDU, vai com time completo e desgastado (de quê??) E se o Botafogo vence o Flamengo no domingo, vai ter a semana inteira pra treinar. E é um time infinitamente melhor do que o Bacalhau.
Um último comentário sobre a sorte do Fernando Henrique: o pênalti cobrado pelo Pablo bateu na trave, veio na perna do FH, bateu no travessão e saiu.
O Murilo, que era melhor tecnicamente, mas nasceu azarado, não deu a mesma sorte naquele Fla-Flu de 2001. A bola que ele defendeu quicou e foi para o gol.
Na Copa de 86, outro grande azarado, o Carlos Gallo, teve uma bola na trave que veio nas suas costas e entrou. E o Brasil dançou da Copa.
Gostei de ir em frente, mas estou preocupadíssimo com a apatia do time, o cansaço do segundo tempo, com o fato de que não há esquema tático e de que não temos centro-avante. Vai ser preciso muita sorte também.

Fluminense 1 (5) x 1 (4) Vasco: Fernando Henrique (5); Gabriel (6), Thiago Silva (7), Luiz Alberto (6) e Júnior César (7); Ygor (6), Arouca (6), Conca (6) e Thiago Neves (6); Cícero (6) e Washington (5).
Gol: Thiago Silva, aos 17 minutos do segundo tempo.
Cartões amarelos: Washington, Conca e Cícero.

Cezar Motta - cezar_motta@uol.com.br