Emoções !!!

?Quando eu estou aqui. Eu vivo este momento lindo.?
Como é bom escrever após um triunfo épico do nosso Fluzão. Uma virada histórica passada em rede nacional que trouxe, no mínimo, a vaga da Pan-americana. Somos o representante do Rio, antecipando 2007. Hehehe!!! Pelo terceiro ano consecutivo estamos na fase final do Brasileirão. Somos, atualmente, o clube mais bem estruturado do Rio e a torcida mirim está ganhando muita simpatia pelo nosso time. Chegou também a hora da esperada vingança contra o monstro que criamos. Quero ver o São Caetânus segurar Reimário, Beto e Reinato Gaúcho. O Rio será pequeno se formos campeões. Imaginem a comemoração desse trio?

?Olhando pra você. E as mesmas emoções sentindo.?
Nunca uma dicotomia foi tão positiva. Quando perdíamos por 2 a 0, estava desolado, quase chorando. Minha mãe, meu pai e minha namorada já sabiam que seria insuportável me aturar. Várias recentes decepções passavam pela minha cabeça, como a eliminação para o São Caô no Rio-São Paulo. No entanto, após a virada, lembrei do jogo contra a freguesa Macaca nas quartas do ano passado. Outro emocionante 3 a 2. Quando Márcio Rezende apitou o fim da partida, fiquei com pena apenas do meu editor, torcedor da Ponte Preta. Tenho plena noção que sou muito chato na euforia e na depressão.

?São tantas já vividas. São momentos que eu não me esqueci.?
O jogo foi totalmente dominado pela Macaca por pelo menos uma hora. Nossa defesa, a pior do Campeonato, fazia de tudo para tomar gols. Basílio desperdiçou uma chance atrás de outra e passamos pelo primeiro tempo ilesos. A sorte ajudava até na combinação de resultados. Contudo, em jogada individual de Caíco, aquele carrasco da Copa do Brasil de 92, eles abriram o placar aos 7 minutos da segunda etapa. Aos 19?, Luciano Baiano cruzou e Fabrício Carvalho completou para as redes. Era difícil acreditar numa reação. A situação estava tão ruim que até o guerreiro Marcão falhava constantemente.

?Detalhes de uma vida. Histórias que eu contei aqui.?
Um flashback de alguns momentos era lembrado, quando perdemos disputas por detalhes. Felizmente, Renato Gaúcho mostrou humildade, algo que o nosso ex não teria. Assumiu que errou ao colocar Marciel e o trocou por Magno Alves. Carlos Alberto, garoto que toca fácil na bola, também entrou no lugar de Zada. O Flu foi para o tudo ou nada. E nessa hora foi nítida a diferença para equipes passadas. Um time de veadinhos se acomodaria e, se bobear, tomaria até mais gols. O salvador Romário, não. É um vencedor por natureza e ajudou a reviver nesta tarde de domingo a mística da camisa tricolor.

?Amigos eu ganhei. Saudades eu senti partindo.?
Lamentava a derrota por muitos motivos. O centenário ia para o espaço, Romário não seria mais nosso, eliminação boba e por aí vai. Imaginava ainda a marra de certos jornalistas paulistas que têm um impressionante recalque da gente. Encheriam a boca para dizer que era só São Paulo na fita, o futebol paulista é animal. Ôrra, meu! Fala sério! Terão que engolir a gente de novo, tá? E comam um porco antes. Só cuidado com a indigestão. Se não agüentarem, ele cai bem na segunda. Filé de primeira mesmo é só para a torcida do Fluzão que invadirá a praia (conhecem isso?) de vocês nas finais.

?E às vezes eu deixei. Você me ver chorar sorrindo.?
Estava desesperado aos 20 minutos do segundo tempo. Mostrávamos uma apatia decepcionante. Éramos totalmente dominados. Pensei como seria complicado se estivesse ainda no jornalismo esportivo. Ficaria difícil escrever e mais complicado ainda falar. Aos 23? veio a esperança. Romário achou Roni na área, que só completou para o gol. Logo depois, Kléber salvou a nossa meta. No contra-ataque, aos 27?, Magno tocou para Roni e fizemos o gol do empate. O tão questionado Roni, que tem contrato até 31 de dezembro, pelo menos nesse jogo justificou o salário de 100 mil mensais.

?Sei tudo que o amor. É capaz de me dar.?
O empate não bastava. Só a vitória interessava porque o Cruzeiro vencia. Estava tenso, mas naquele momento já confiava na vitória. Sabia que o Baixinho iria se mostrar presente. Afinal, quem o tem... E, aos 35?, Marinho tremeu nas bases e Romário aproveitou. Vibração total. Fiquei rouco de tanto gritar e zoar os urubundas que torciam pelo nosso fracasso. Depois do terceiro gol ainda tivemos duas chances de ampliar com Beto e Carlos Alberto, em chutes de longe. No finalzinho tocamos bem a bola, soubemos segurar o jogo e nos classificamos em sétimo. Parabéns, Renato! Você queimou a minha língua.

?Eu sei já sofri. Mas não deixo de amar.?
Como é bom ser tricolor! Vislumbro um Maraca lotado no próximo domingo. Vamos exorcizar o fantasma de Adhemar, Claudecir e cia. Dessa vez não vamos de Murilo no gol, o que já é um reforço em nível psicológico. Eles têm a melhor defesa do Campeonato, mas não são tão regulares quanto a equipe do Vicerni. Temo o desempenho dos nossos laterais. Por mim até improvisava na posição. Fabinho, Válber ou Diniz, qualquer um dos três, caso estejam liberados, seria muito melhor. Espero que o Renato ache uma boa solução porque lá na frente, ele ? o cara ? nos garante em um ou dois toques no jogo.

?Se chorei ou se sorri. O importante é que emoções eu vivi.?
A primeira fase do Brasileiro trouxe momentos de profunda tristeza, como nas derrotas para os bambis e flavelados. No entanto, nada supera a alegria desse momento. Agora está tudo zerado. Todo mundo entra igual. E para finalizar, vale a pena fazer uma listinha básica. Camisa oficial do Fluminense (exceto a do centenário): 70 reais. Ingresso para ver o Flu no Maraca: 10 reais (arquibancada verde ou amarela). Mensalidade do sócio-torcedor: também 10 reais (valor mínimo). Ver a cara de alguns membros da imprensa após a nossa brilhante classificação e a queda de um queridinho: não tem preço! Como a vida dá voltas...

P.S.: A primeira parte da letra de ?Emoções?, música de Roberto e Erasmo Carlos, vai em homenagem ao show que lotou o Aterro neste domingo. Muitos tricolores comemoraram merecidamente a vitória por lá.

P.P.S.: Espero que o show do Rush seja levado para outro local. Os eventuais prejuízos causados ao gramado do Maracanã só beneficiaram o São Caetano, time menos técnico que exerce forte marcação e bate o tempo todo.

Daniel Cohen - daniel.cohen@sempreflu.com