Passada a euforia da Primeira Liga, que servirá de desculpa e alento à temporada, voltamos à realidade de que nosso time ainda é bem instável. Precisa se reforçar e melhorar muito para almejar algo maior.

Fizemos uma partida (a primeira!) irreconhecível sob o comando do Levir. Time totalmente atônito, associado a atuações individuais ruins e um adversário muito bem preparado pelo ilustre e estimado Ricardo Gomes (para quem torcerei na final), que armou muito bem seu modesto, mas dedicado time para anular o FLU. Não fossem providenciais intervenções do Cavalieri, frente a frente com os jogadores alvinegros em alguns lances, resultado poderia ter sido pior.

Fosse numa mesa de jogo de botão, notaríamos suas peças marcando nossos laterais e meias, deixando espaço apenas ao Gum e Henrique, que não tinham com quem sair.
Tanto é, que bem marcados, nossos laterais tiveram extrema dificuldade para sair jogando e não fizeram uma boa jogada sequer. Praticamente não passaram da intermediária ofensiva.
Os dois jogadores mais talentosos e responsáveis pela criação - Cícero e Scarpa - além de bem marcados, tiveram um noite muito infeliz.
Sobrou para o Pierre começar as jogadas, e aí não é muito a dele.
Além do Gérson apático, Fred isolado e Oswaldo mal.

Assim o FLU ficou sem alternativas e sem conseguir jogar no primeiro tempo. Demos sorte após tomarmos sufoco e executarmos só uma boa jogada, em que o Gérson chutou com o osso interno do calcanhar após uma rara troca de passes.

Alternativa a meu ver, no intervalo, era pôr o Marcos Júnior no lugar do insosso Gérson, e mudar o posicionamento do time para que o Resolve jogasse aberto numa ponta e o Oswaldo noutra, prendendo os avanços dos laterais alvinegros. Com o Fred enfiado na área segurando dois zagueiros. Com tais preocupações, certamente diminuiria a pressão deles sobre nós.

Também adiantaria um pouco o Cícero e Scarpa e deixaria nossos dois laterais, junto com o Pierre e os zagueiros, mais fixos na marcação, saindo só na boa. Ou seja, inverteria. Eles que teriam que nos marcar. Usaríamos da mesma tática, marcando lá na frente o time deles, forçando-os a rifar.

Porém o Levir foi mais conservador e preferiu reforçar a marcação com o Douglas. O que não melhorou muito. Logo tomamos o gol e continuamos com dificuldades na armação. Depois tentou recuperar com o Marcos Júnior e Magno Alves, naquelas substituições corriqueiras.
Curioso é que sacou erroneamente o Oswaldo, justamente quando este estava melhor na partida, e devido ao cansaço do adversário, passava a ter mais espaços para criar algumas oportunidades.

Mesmo assim, em todo segundo tempo, só tivemos mais duas boas jogadas: Numa arrancada veloz do Oswaldo, que o Cícero se enrolou; e noutra com o Magno Alves. Mais nada! Restante, somente o velho e ineficaz chuveirinho com cruzamentos ruins do Scarpa. Pouco para ameaçar o domínio do rival, que aquela altura já apresentava cansaço, e jogava com dez, mas soube com "maturidade" passar o tempo.

Portanto, chegam com justiça a final da competição, os times com melhores campanhas. E apesar de um ou outro erro, de forma isenta. Pois mesmo com toda pressão e desconfiança, a arbitragem do Estadual foi boa.

Agora é focar no Brasileirão e Copa do Brasil. Confio no Levir para isso. E não há motivos para desespero ou crise. Muitos desdenham mesmo o Estadual...
Aliás, considero isso um erro, e recorrente, pois a rivalidade local é a vitamina do futebol, e não se pode desprezar, que nossa tradição nacional foi forjada no Campeonato Carioca. Tínhamos orgulho da hegemonia.

Por isso não podem continuar desprezando ou menosprezando isso por pura birra política, e como muleta aos nossos falhos planejamentos (e falta de cobrança), anos após anos, seja qual for a gestão. Tanto é que foram apenas 5 títulos nos últimos 30 anos. Muito pouco, ridículo!
Do mesmo jeito que dirão que não serve de parâmetro para o Brasileirão, também surge o questionamento de que se não ganhar o Estadual, vai ganhar o quê?
Ainda mais que dentre as competições que disputamos, é a mais fácil oportunidade de conquista, fundamental para o crescimento do clube.
Portanto, FLU deve se preparar mais e melhor para competição. Afinal, desculpa de amarelão é friagem.

Quanto as atuações, seguem:

Cavalieri - Melhor do FLU. E quando isso ocorre, é que as coisas não foram bem. Nota 9.

Jonathan - Apesar de ter marcado bem, não consegui dar sequências nas jogadas. Nota 6.

Gum - A raça de sempre. Virou-se como pôde. Nota 6.

Henrique - Bem nos desarmes e cobertura, e mesmo sem opções, teve calma e recurso para sair jogando. Nota 7.

Wellington Silva - afoito e bem marcado, vacilou em algumas jogadas e não conseguiu dar sequência em nenhuma. Nota 5.

Pierre - Devido à marcação alvinegra, teve que iniciar as jogadas e errou muito. Mas não fosse sua combatividade e proteção à zaga, derrota seria pior. Nota 6.

Cícero - Irreconhecível. Até na sua melhor característica, que é o cabeceio, vacilou no gol adversário. Devia ter sido substituído. Nota 4.

Scarpa - Apesar de participar bem do jogo e da raça, foi outro que teve uma noite ruim. Ora prendeu demais, ora optou pela jogada errada. E errou quase todos os cruzamentos. Nota 6.

Gérson - Começou pedindo a bola, se deslocando, mas como de praxe, aos poucos sumiu do jogo. Desperdício de talento. Dificilmente vingará na Europa. Nota 3.

Douglas - Melhorou a marcação no meio, mas em compensação participou pouco do jogo. E as poucas vezes que se apresentou no ataque, não deu em nada. Nota 5.

Oswaldo - Não conseguiu jogar no primeiro tempo. No segundo, vindo de trás e aproveitando o cansaço alvinegro, melhorou. Mas foi substituído justamente no momento em que descobria espaços. Nota 5.

Marcos Júnior - entrou e foi jogar sem muito êxito de armador, longe da área, que é onde rende algum perigo. Nota 6.

Fred - isolado, até tentou fazer o pivô e se deslocar. Além de se empenhar bastante na marcação. Mas nitidamente está diferente daquele capitão participativo e eficaz que nos acostumamos a ver. Nota 6.

Magno Alves - não teve tempo para muita coisa. Nota 5.


E como o FLU agora terá uma intertemporada, cantemos A BENÇÃO JOÃO DE DEUS para que surjam novos patrocinadores, ainda mais nessa crise, e consigamos contratar um bom lateral esquerdo, um volante que saiba sair jogando, um meia decisivo (destro de preferência) e um atacante de velocidade que seja goleador. Ou seja, 4 jogadores que tornem nosso time mais homogêneo e capaz. Sem esquecer que o Gérson vai embora, e provavelmente mais alguma boa revelação será negociada. Afinal precisarão manter as contas em dia.

Já a bola fora foi o dia e horário (culpa da TV) e local do jogo (culpa da FFERJ e dos clubes). Tanto é que em São Paulo, cada semifinal foi num dia. Além de provar que vale mais a pena jogar num local com receita certa (onde o futebol do Rio é atração), do que no interior do Rio (onde se paga para jogar). E em Mesquita, a noite, não será diferente. Tivessem ficado em Juiz de Fora, público e arrecadação seriam bem maiores.

Até a próxima! E tomara que bem mais fortes.

Lierson Ribeiro - lierson@bol.com.br