É difícil escrever qualquer coisa sobre um jogo como esse, contra a Adesg, porque não havia adversário em campo. Os acreanos, de tão ruins, perdiam-se sozinhos com a bola, erravam no controle e saíam com bola e tudo # enfim, não é um time profissional.

O Flu poderia ter vencido facilmente por 10 ou 12, caso os jogadores caprichassem mais no segundo tempo, quando foram desperdiçadas chances que nem uma velhinha distraída perderia.

Mas, logo no começo, quando os Adesguianos ainda tinham alguma perna para correr, vimos coisas muito preocupantes. O Flu não conseguia retomar a bola, fazer o desarme, e o time deles vinha tocando até a entrada da nossa área, quando só aí os zagueiros entravam em ação.

Só é campeão e vence jogos difíceis o time que desarma, que recupera a bola, que #pega#, na gíria moderna do futebol. Não adianta habilidade, talento se, sem a bola, o time não é encardido, pegador. E o Flu não foi assim.

Mas os gols foram saindo naturalmente. Logo aos dois minutos, Carlinhos fingiu que ia ao fundo e recuou para Thiago Neves, pela ponta direita. Thiago cruzou de pé trocado, já que é canhoto, e jogou na cabeça de Alex Dias, na linha da pequena área: um a zero, fácil.

Jogo mole, toque de bola fácil. Mas o Flu deixava o Adesg ir tocando até o ataque, quando nossos zagueiros faziam o desarme. Aos 20 minutos, falta na ponta direita, sobre Carlinhos. Ele mesmo cobra, alto, ninguém tira, e Cícero domina e faz, de pé direito.

Aos 22 minutos, um ataque do Flu na base de quatro contra três. O time deles saiu demais, o Flu recuperou a bola, Cícero carregou e tinha várias opções. Na meia lua, escolheu Thiago Neves, que entrou sem cerimônia na área e tocou de canhota, à esquerda do goleiro. 3 a 0. Todos achamos que poderia ser de 10.

Era só uma questão de caprichar mais. Mas o Flu diminuiu o ritmo, impôs intensidade de treinamento, bem leve, e só aos 41 minutos, em novo cruzamento da direita em bola parada, por Carlinhos, Thiago Silva, o zagueiro, subiu e só cumprimentou o goleiro com a cabeça: 4 a 0.

Tabela rápida entre três ou quatro jogadores e, pela esquerda, Alex Dias põe a bola na cabeça de Arouca, na cara do goleiro. E o nosso apoiador cabeceia como um menino de cinco anos, fraquinho, fraquinho, em cima do goleiro.

Thiago Neves e Cícero desperdiçam mais chances, e outras tabelas rápidas são desperdiçadas na hora da finalização.

Na seqüência, aos 43 minutos, Alex Dias foi à linha de fundo, como um ponta-direita, e cruzou rasteiro, na cara do gol. Soares pegou de primeira, a menos de um metro e meio do goleiro, que esticou os dois braços e salvou em puro milagre. Fim do primeiro tempo.

No segundo tempo, o Adesg recuou todo, para evitar a humilhação maior. E começou a bater de forma desleal, a agarrar, sem que o juiz se dignasse a expulsar ninguém. E tome de gols perdidos.

Até que, aos 10 minutos, Thiago Neves arrancou pela direita, guinou para o meio, sempre conduzindo de canhota, e bateu de curva, já dentro da área, no ângulo esquerdo. Golaço.

A partir daí, a torcida no Maracanã e nós mesmos, em casa, começamos a nos irritar com os gols perdidos e com a violência do Adesg. Souza foi à linha de fundo e cruzou rasteiro para trás.

A bola passou até pelo goleiro e encontrou Cícero, sozinho, do outro lado. Bastava deixar a bola bater no corpo que ela entraria. Mas Cícero quis estufar a rede, e encheu o pé. A bola explodiu no travessão e voltou redondinha no pé direito do Arouca, na marca do pênalti, com o goleiro caído. Arouca fez o mais difícil, chutou para fora.

O time do Adesg não se agüentava mais em pé. As três substituições já haviam sido feitas, o time jogava todo atrás batendo e marcando como podia, mas o Flu desperdiçava lances fáceis de gol, um pouco por displicência (o placar estava garantido), um pouco por ruindade, outro pouco por cansaço.

Alex Dias e Cícero perderam na cara do goleiro depois de bolas cruzadas da esquerda por Soares, que não foi egoísta e se deslocou sempre pelos lados, buscando facilitar o jogo.

Joel trocou, então, de uma vez só, Roger por Renato Silva, Thiago Neves por Lenny e Soares por Adriano Magrão. E Adriano Magrão apresentou logo seu cartão de visitas: perdeu três gols feitos, um deles depois de uma jogada espetacular de Lenny, e começou a ser vaiado e perseguido pela torcida.

Lenny, ao contrário, entrou com raça e sempre que recebia a bola criava excelentes jogadas. Até que foi premiado aos 43 minutos: Arouca (ou Carlinhos) cruzou da direita, a bola passou por Magrão e um zagueiro, e Lenny pegou de voleio, de pé direito, na marca do pênalti, jogando lá na teia da aranha.

Golaço, e Lenny correu até Joel e aplicou-lhe um beijo na luzidia bochecha. Mas havia ainda o risco do mico, tomar um gol do ataque inexistente do Adesg. E Renato Silva quase nos faz esse favor.

Em uma bola fácil, já dominada, mas rápida, ele atrasou forte para o Ricardo Berna, que saía do gol. Com medo de que a bola entrasse, Berna mergulhou e fez a defesa. O juiz marcou a bola atrasada, e o Adesg não marcou o gol porque as pernas de seus jogadores já não permitiam um chute mais forte.

O time parece bem distribuído em campo, mas combate pouco. Tomara que isso tenha acontecido porque o Adesg não exigiu muito. Mas não estou ainda convencido da consistência do time.

Em uma análise individual, todos foram mais ou menos bem, à exceção de Renato Silva e Adriano Magrão, que entraram nervosos e errando tudo o que tentaram. Mesmo jogando bem, Arouca está longe ainda do futebol que todos esperamos dele.

Thiago Neves jogou bem, mas poderia sair consagrado, porque desperdiçou umas quatro ou cinco chances claras de gol. Soares não marcou o seu, mas lutou muito e caiu sempre pela esquerda, criando boas oportunidades. Ivan não pode ser avaliado por esse jogo, porque não teve adversário pela frente, foi muito fácil.

Alex Dias parece estar recuperando a forma física. O adversário era fraco, mas ele correu como louco pela direita, pelo meio, voltou para buscar jogo. Vamos esperar por um jogo mais pesado para analisar o time. O Cabofriense serve.

E é notável a diferença do PCGosmão para o Joel na beira do campo. Enquanto Gosmão gritava à toa, o tempo todo, até nas jogadas mais óbvias, irritando os jogadores, o Joel grita na hora certa, exigindo toque de bola, brigando quando enfeitam um lance sem necessidade. É experiente e vê muito melhor o jogo.

Fluminense 6 x 0 Adesg: Ricardo Berna (6); Carlinhos (6), Thiago Silva (6), Roger (6) depois Renato Silva (4) e Ivan (6); Fabinho (6), Arouca (6), Cícero (6) e Thiago Neves (7) depois Lenny (7); Alex Dias (6) e Soares (6) depois Adriano Magrão (4).

Gols: Alex Dias aos 2, Cícero aos 20, Thiago Neves aos 22, Thiago Silva aos 41 do primeiro tempo; Thiago Neves aos 10 e Lenny aos 43 do segundo tempo.