Finalmente, me convencei. Até pouco tempo atrás, eu era um dos que defendiam que o elenco do Flu era um dos quatro ou cinco melhores do Brasil, e que os maus resultados eram conseqüência apenas das péssimas escolhas de #treinadores#, da bagunça institucional do clube e dos desmandos dos chamados #Três Patetas#.

Pois eu me rendo. O elenco é ruim. É derrotado. Não tem perfil de vencedor, e segue a tendência geral do clube, do presidente (que lembra o boneco de marshmellow do filme #Caçafantasmas#) aos Três Patetas. Aliás, a cara de derrota começa com a direção do clube. De derrota e de falência financeira.

Esse Evando é caso de internação, de rescisão imediata de contrato. É um dos piores jogadores que já vi no Flu.

Houve uma sensível melhora no ânimo, na raça, na vontade de vencer, na tentativa de acertar, por causa do Antônio Lopes, sem dúvida.

Mas a maioria dos jogadores mostra uma total falta de aptidão para a prática do futebol. Por que não jogaram desde começo com a mesma disposição demonstrada no final do jogo?

Vamos recapitular. Logo no começo, por volta dos cinco minutos, o Marcelo cruzou da esquerda, na perna direita do Tuta, de cara para o gol. O Tuta tentou dominar, uma bola que Romário, com seus 40 anos, apenas tocaria de peito de pé, de biquinho ou de joelho para dentro do gol. Mas o Tuta, que tem um sério descompasso entre o Tico e o Teco, tentou dominar e #atrasou# para o goleiro.

Logo depois, o Lenny recebeu, driblou o goleiro e, em vez de fazer o gol, com raiva e força, tentou driblar de volta e perdeu. Posso queimar a língua, mas também desisto dele. Não tem postura de homem em campo, mais parece um veadinho de brincos enormes e mãos desmunhecadas pra correr. Um fracassado. Se não mudar de postura, se não tomar tenência, vai ser mais um a desaparecer. Acredito que vá acabar em um clube português de segunda ou terceira linha. Ou um clube russo.

Outra bola cruzada para o Tuta na área, pela esquerda. Romário faria este gol de ressaca e com sono. Espaço de sobra, e só o goleiro pela frente. O Tuta tenta dominar com a direita, a bola bate na perna esquerda, resvala na barriga e sobra para o goleiro. Estava claro que iríamos perder o jogo, apesar do início animador.

Como o Radamés jogava como um meia direita, o espaço às suas costas era enorme. E por ali penetrou o Christian, bom volante, ex-Paulista de Jundiaí, que o Flu tentou e não conseguiu contratar, no ano passado. Por que o Patético contratou o Christian, e nós contratamos o Ângelo??

Eram 7 minutos de jogo, o Flu atacava mais. O Anderson não saiu na cobertura, o Marcão estava em local desconhecido e ignorado, veio o cruzamento do Christian e... um a zero para eles.

Aí, começou a maluquice. Cada um querendo fazer tudo sozinho, com o Pet desaparecido, fazendo apenas figuração em campo. Não tem mais condições físicas para jogar futebol profissional, assim como o Tuta.

Aliás, o Tuta, no ano passado, fez alguns gols porque o time chegava rápido ao ataque, com Leandro e com Juan e Gabriel apoiando em velocidade.

Este ano, a bola demora até mesmo para ultrapassar o nosso meio de campo. E, aí, o Tuta é absolutamente inútil, porque é incapaz de vencer na velocidade até mesmo ao Horcades. Não conseguiria driblar nem mesmo a Rosinha Garotinho, tão grosso ele é, e coloca-se mal na área, além de não saber cabecear. Que centro-avante é este??

Marcelo fez um bom primeiro tempo, mas joga para si. Fecha para o meio e tenta sempre a jogada individual. Conseguiu marcar seu gol porque tem bom nível técnico, luta muito e aproveitou bem a chance. Mas precisa levar muitas duras do Delegado. Futebol é jogo coletivo.

No segundo tempo, Lopes veio com Pitbull no lugar do Petkovic e com Evando (te esconjuro!!) no lugar do Radamés. O Pitbull tem uma raça incrível, boa força física, mas carece de inteligência. É burro, faz as opções erradas, e suas atuações são incríveis desperdícios de energia.

Evando não merece maiores comentários. Não existe como jogador de futebol. Não tem nível técnico nem mesmo para times de segunda divisão. E o Lenny, vaiado pela torcida, começou a correr ainda mais, mas sem qualquer senso prático, desperdiçando jogadas que poderiam ser rápidas e chutando bolas nas nuvens.

Parecia que o empate viria. Mas Anderson evidenciou toda a sua inexperiência, aos 11 minutos do segundo tempo, quando o Flu era todo pressão.

Anderson dominou uma bola junto à linha de fundo e, em vez de aliviar o perigo, recebeu o espírito do #saudoso# Zé Carlos. Tentou enfeitar e deu um passe limpo para o Patético receber e, em jogada rápida, deixar Denis Marques na cara do gol. Assunto liquidado. Não tínhamos time para virar o jogo.

O Delegado perdeu a paciência e pôs Juninho no lugar do Lenny. O time melhorou, ficou mais compacto, houve muita raça, mas faltavam organização e, principalmente, talento.

Tuta e a bola são um caso de desamor, de desencontro, de incompatibilidade só encontráveis em poemas de J.G.de Araújo Jorge ou novelas de Janet Clair. Onde uma vai, o outro nunca está. Quando, finalmente há o encontro, o Tuta maltrata a pobre coitada. Quando tem que persegui-la, corre como quem não quer chegar # porque não consegue mais correr.

Só mesmo Marcelo poderia marcar um gol neste jogo, porque é o único do time com algum talento, alguma aptidão para o futebol. Bola espirrada para ele na meia-lua. Com o pé direito cortou para a esquerda, tirou o zagueiro e bateu de canhota no cantinho. Aos 28 minutos. Mas só os ingênuos tiveram ilusões. Este time não é vencedor.

Depois do gol do Flu, houve um espetáculo de pantomima, encenado pelo goleiro deles, o Cleber, e pelo goleiro reserva, o veterano colombiano (40 anos) Navarro Montoya, campeão de algumas Libertadores pelo Boca Juniors. O Navarro Montoya não trouxe camisa de jogo, ou fingiu que não trouxe, e o jogo parou por mais de cinco minutos.

O Cleber voltou, levou cartão amarelo, mas o juiz deu apenas cinco minutos de desconto. O Flu, por sua vez, era um absoluta bagunça tática, com o Anderson de centro-avante e apenas Arouca e Juninho como meio-campistas. A nós, restava esperar a derrota e a nova decepção.

Resta apenas a esperança de que Lopes consiga dar um jeito de time a esse bando que vimos, tristemente, mais uma vez em campo. Pelo menos para que não corramos risco de rebaixamento.

Para nós, sobrarão neste segundo semestre três fortíssimas emoções: três fantásticos duelos com o Botafogo. Dois deles para ver quem vencerá e fará mais à frente um novo papelão na Copa Sul-Americana. O outro, para ver quem lutará até o fim pelo rebaixamento. De nada adiantou vencer o Patético lá na Baixada, no primeiro turno. Nenhuma vergonha, nenhuma humilhação, afinal, é grande o suficiente para o Flu.

Fluminense 1 x 2 Patético-PR - Diego (5); Anderson (4), Thiago Silva (5) e Roger (5); Radamés (4) depois Evando (0), Marcão (3), Arouca (3), Petkovic (1) depois Pitbull (5) e Marcelo (5); Lenny (3) depois Juninho (4) e Tuta (0).
Gol: Marcelo, aos 28 minutos do segundo tempo.
Cartão amarelo: Thiago Silva.

Cezar Motta - cezar_motta@uol.com.br