Finalmente, o time do Fluminense acordou e resolveu jogar seriamente. Foi uma boa atuação coletiva, solidária, sufocando o time do Náutico, o que fez com que o time pernambucano parecesse pior do que realmente é.

Quando vi que o juiz seria aquela múmia petrificada de Brasília, temi pelo resultado, porque ele sempre prejudica o Fluminense. E até que ele vinha bem, até que resolveu dar o ar da graça e inventar um pênalti do Luiz Alberto.

Mas, recapitulando mentalmente o jogo, ele permitiu também muitas jogadas violentas do Náutico. Não importa. Não queremos que o Náutico caia, não é verdade? Nosso candidato ao rebaixamento é o Curintcha.

O Flu começou o jogo marcando por pressão e, com menos de um minuto, quase marcamos novamente um gol relâmpago no Maraca. A zaga do Náutico cochilou, Arouca tomou a bola e enfiou para Thiago Neves, livre. O nosso camisa 10 não vem jogando bem, e chutou mal # a bola bateu nas costas de um zagueiro e saiu.

Só dava Flu, mesmo com a chuva torrencial que caiu sobre o Rio de Janeiro e que prejudicava até a imagem da tevê. Só não abrimos logo o placar antes dos 20 minutos porque Arouca e Thiago Neves começaram mal o jogo, Soares ainda está sem ritmo, meio atabalhoado, e o Magrão não recebia bolas em boas condições na área.

Mesmo assim, estava claro que iríamos sair na frente ainda no primeiro tempo. Atuação excepcional da nossa zaga, como sempre, principalmente quando o monstro Roger está em campo. Maurício também, apesar de meio estabanado, conseguia se impor e anular Acosta.

Aliás, sobre Roger, novamente um destaque absoluto do jogo, cabe um parêntese. Chega a ser chocante a diferença técnica, a presença, a capacidade técnica e de marcação entre ele e o nanico Júnior César, novamente abaixo da crítica, com uma atuação medonha.

Roger joga por ele e por Júnior César. Cobre todo o lado esquerdo da nossa defesa e ainda faz jogadas de lateral, marcando e atacando, deixando patente a indigência técnica do JC. Grande presença do gauchão no jogo.

Lá pelo meio do primeiro tempo, chuva torrencial, o Flu arrefeceu um pouco a marcação por pressão e o Náutico ficou um pouco mais saliente. Mas não conseguiu impor seu bom jogo de contra-ataque, graças à dura marcação de Maurício e da nossa defesa.

É bom que fique claro, porém, que Maurício, mesmo com boa atuação, ainda não está pronto pra uma Libertadores. É muito verde e nervoso, além de necessitar de mais presença física e lucidez em campo. Precisamos de um volante de mais força, de mais presença e que tenha também boa saída de jogo.

Arouca, que começou muito mal, aos poucos foi-se soltando. Primeiro, perdeu um gol, quando entrou pela direita na área do time do Horcades e, em vez de cruzar para Magrão, livre, tentou chutar em gol e errou feio.

Finalmente, porém, fez tudo certo, entrou pela direita como um ponta-direita das antigas, chegou rente à linha de fundo e cruzou na cabeça de Gabriel, que estava completamente livre, quase com uma crise de solidão. Eram 43 minutos do primeiro tempo. E foi só administrar até o intervalo.

No segundo tempo, o Flu voltou dormindo. E sofreu pressão do Náutico, que quase marcou. Pouco a pouco, voltamos a equilibrar o jogo e impor a melhor condição técnica de jogadores como Gabriel, Thiago Silva, Luiz Alberto, Roger, Arouca, Thiago Neves.

Toque de bola fácil, mas que se complicava nas proximidades da área do Náutico, pela má condição técnica de Adriano Magrão e Soares # Thiago Neves também está dispersivo e errando muito. E o pior: pela esquerda, a figura sinistra de Júnior César, que não acerta sequer um lance.

Mas aos cinco minutos do segundo tempo, como Júnior César não fazia nada, Roger fez. Pegou uma bola pela esquerda, driblou dois, foi ao fundo e cruzou na área # quase saiu o gol.

Era possível sentir que o segundo gol era questão de tempo. Aos 26 minutos, novamente Roger fez grande jogada pela esquerda, tocou para Thiago Neves, recebeu na frente e deixou Magrão na cara do gol. O goleiro defendeu.

Renato mexeu no time, que parecia meio cansado # assim como o Náutico. Primeiro, entrou Leo Itaperuna no lugar do Soares, que se machucou. Pode ser, o Leo, mas não sei não... Afobado, nervoso.

Depois, Cícero no lugar do Thiago Neves. O time melhorou, porque Cícero entrou muito bem na partida. Logo em seu primeiro lance, meteu uma bola de curva, sensacional, uma bola que contornou o beque e pegou Leo Itaperuna olho no olho com o goleiro Fabiano. Era uma bola rápida, e o Leo tentou tocar com o lado de fora do pé direito. Infelizmente, furou e perdeu o gol mais feito do mundo.

Logo depois, entrou o Tartá no lugar do Adriano Magrão. E entrou espertíssimo. Aplicando dribles, deslocando-se, mostrando inteligência e raça. É bem melhor do que o colega Leo, embora seja cedo para qualquer previsão, afinal ambos têm apenas 18 anos, o campo estava molhado e o público em bom número # levando-se em conta a chuva.

Em mais uma excelente trama do ataque, Arouca, na entrada da área, chamou Gabriel e fez o toque preciso. Gabi, com a reconhecida categoria, chutou de voleio, no capricho. A bola ainda bateu num beque e matou o goleiro Fabiano. Aos 37 minutos do segundo tempo. Mas estava na hora do juizinho mostrar sua cara feia. Um chute longo do Dejair e Luiz Alberto, em vez de cabecear, virou-se de costas. A múmia marcou o pênalti.

Gol do Acosta, que não jogou bem, anulado pela boa marcação do Flu, embora tenha mostrado habilidade em algumas excelentes enfiadas de bola (sem duplo sentido, por favor).

Tivemos ainda algumas chances de ampliar com Cícero, com boa atuação nos minutos em que esteve em campo, e com Thiago Silva, que veio lá de trás, carregando a bola, e chutou. Uma bola traiçoeira, que descaiu e quase matou o goleiro # Fabiano só teve tempo de dar um passo pra trás, pular e tocar com a ponta dos dedos. A bola ainda bateu na trave e saiu.

Estamos agora em quinto lugar (pelo menos até a tarde de domingo), o que mostra que teríamos chance de brigar pelo título, se houvesse mais seriedade logo depois do título da Copa do Brasil, e se não tivéssemos sido tão prejudicados por arbitragens.

Fluminense 2 x 1 Náutico # Fernando Henrique (5); Gabriel (9, pelos belos gols); Thiago Silva (8), Luiz Alberto (8), Roger (10) e Júnior César (1); Maurício (7), Arouca (8, pelos belos passes que resultaram em gols), Thiago Neves (6) depois Cícero (8); Adriano Magrão (5) depois Tartá (8) e Soares (6) depois Leo Itaperuna (5).

Cartões amarelos: Roger.

Cezar Motta - cezar_motta@uol.com.br