"É duro escrever sobre uma derrota como a que sofremos contra o Juventude, porque pouco há a acrescentar ao que já foi escrito sobre as derrotas anteriores.

É tudo muito parecido: jogadores desmotivados e arrastando-se em campo, parecendo fisicamente arrasados, nenhum padrão tático, nenhuma vontade, nada.

Apenas uns poucos jogadores parecem ainda lutar por vitórias: Kleber, Marcão, Arouca, Petkovic e Leandro. Ninguém mais.

O desânimo geral expôs todas as deficiências técnicas de Gabriel Santos e Igor. Deficiências que ficavam escondidas quando todo o time jogava, #pegava junto#, quando existia vontade de vencer e o time #se recusava a perder#.

E os cinco jogadores ainda interessados dependem muito de um time ajustado. Caso contrário, tentam resolver sozinhos, e não conseguem nada. Alguma coisa existe e que ainda não veio a público.

O fato de que alguns estão de saída não explica a terrível queda física, técnica, tática e motivacional do time.

Sim, porque o Juventude, por exemplo, vai perder vários jogadores e até o técnico, o Hélio dos Anjos, que vai dar lugar ao Celso Roth. Mas o time se matou em campo, em busca da vitória.

No Botafogo também haverá uma ampla barca, mas o time, desde o vexame contra o Flamengo, se superou e arrancou na marra a vaga na Sul-Americana.

Até no Parmêra vai haver barca. Vão investir em jogadores mais caros, com apoio da Adidas. Nem por isso o time deixou de correr e lutar. As arbitragens contra o Flu são um capítulo à parte, mas não explicam tudo.

Desde o jogo contra o Coritiba, aquele maldito 0 x 0, não se marcam mais pênaltis a favor do Fluminense. E eles existiram aos montes.

Sistematicamente, contra o Flu, os juízes têm seguido a cartilha-manual do Edílson: inverter faltas, picar o jogo, inventar pênaltis contra e #não ver# os que são a favor, enfim, irritar o time até conseguir a expulsão de alguém, desestabilizar a equipe.

Não acredito que seja uma orientação #de cima# para garantir a vaga na Libertadores para o Parmêra. Acho que é mais coisa do inconsciente dos sopradores de apito.

Desde que o Bebeto de Freitas acusou o Flu de jogar com a camisa amarela por baixo, ou de ter juízes com a camisa tricolor por baixo, sei lá, a roubalheira começou.

Fraquíssimos e medrosos como são, os juízes, lá no fundo, têm medo de marcar a favor do Flu e ser acusados de ajudar o #time do tapetão#, como ficamos conhecidos. A pressão da mídia é enorme.

O Vasco tem sofrido isso também, desde que o Eurico perdeu o poder que tinha junto à CBF. Só recebe ajuda no Rio, graças ao Caixa. Nos Brasileiros, tem sido roubado a valer.

Mas, amigos, isso não explica a derrocada do Flu. Poderíamos ter vencido vários jogos, mesmo com os juízes apitando contra. Por exemplo, a partida contra o Atlético Mineiro, contra o próprio Juventude, contra o Vasco.

Alguma coisa há. Quando o caríssimo time do Santos começou a tomar goleadas e a perder até para o Brasiliense, logo ficou claro: os jogadores queriam derrubar o Nelsinho Batista.

Quem os jogadores do Flu querem derrubar? Ou o que fez o ambiente degringolar e se deteriorar a ponto de os jogadores comprometerem o próprio prestígio profissional ao sabotar o time? Há várias versões, inclusive a última, de que uma lista de dispensas irritou o time e provocou uma mini-rebelião.

Alguma coisa há. E é preciso identificar logo, para corrigir o rumo com vistas a 2006. "

Cezar Motta - cezar_motta@uol.com.br