Quase tão bom quanto sexo de boa qualidade. Vitória na base da raça, do esforço, na casa do mais odiento dos clubes, da mais odienta das torcidas, depois do deboche e do desmerecimento de toda a mídia (inclusive a ridícula imprensa esportiva carioca), dos dirigentes patéticos # misto de gangsters e cartolas.

O Juca Kfuro apostou na vitória do Patético, o gordo e ridículo Neto, na Bandeirantes, debochou do Fluminense e disse que era um jogo fácil para os urubus meridionais, todos os #colunistas# de jornais do Rio tripudiaram, enfim, o Flu sofreu o descrédito de todos, foi motivo de deboche e avacalhação.

Esse desabafo todo tem razão de ser, foi uma vitória de lavar a alma, de resgatar todo um histórico recente de vergonhas e humilhações para nós, torcedores. Na entrevista do Vadão, no Sportv, o repórter pergunta #apesar dos erros da arbitragem...#, enfim, fomos reduzidos à condição de zebra.

Pelo menos a transmissão da TV Bandeirantes foi honesta, locutor e comentaristas admitiram a correção da expulsão do goleirinho deles etc. O mais incrível é que nosso execrado goleiro (execrado de forma exagerada e absurda) teve boa atuação, o gol foi do também execrado Adriano Magrão, e os dois goleiros deles foram terrivelmente ruins.

Há aspectos a considerar: vencemos um time abaixo de medíocre, fraquíssimo, apesar do apoio fantástico da torcida e da mídia toda pró-Patético.

Nosso time jogou bem taticamente, graças ao trabalho do Renato Gaúcho, mas individualmente nos causaram ataques de raiva, ganas de assassinato, jogadores como Rafael Moura e Júnior César (no primeiro tempo, porque no segundo melhorou), e os erros infantis do Carlinhos no segundo tempo.

Tudo parecia pronto para que o Flu fosse eliminado de forma humilhante. Estádio cheio, aquela história de #mosaico#, torcida à la Argentina (com o apoio do Juca Kfuro), duas novas caveiras de isopor.

Jogo iniciado, e logo todos nós (com poucas exceções) vimos que perda de tempo foi manter por tanto tempo PCGosmão e Joel Santana. O dedo do técnico ficou evidente na arrumação tática do time, que atacava mas defendia com raça, jogava com determinação, como quem sabe o que quer.

Que diferença daquele time apático e doente do Campeonato Carioca e dos tempos dos nossos dois técnicos anteriores. Todo mundo correndo, lutando, buscando jogo (exceto os chupa-sangues de praxe, Alex Dias e Cícero), marcando, procurando jogo.

Deixando-se de lado a absurda fraqueza do time do Patético, o Fluminense se mostrava bem arrumado e com vontade. O problema era a indigência técnica de Rafael Moura e de Júnior César e a apatia de Cícero e Alex Dias. Se esses quatro jogadores tivessem atuação ao menos mediana no primeiro tempo, teríamos virado o intervalo com a parada decidida.

O gol que o Rafael Moura perdeu, depois de receber um presente do goleirinho deles, não se perde. É criminoso. Bastava olhar para o gol antes de chutar, e tirar a bola do beque, que já caía, desesperado.

O Carlinhos é bom, mas precisa aprender muita coisa. No final do jogo, recebeu uma bola longa, depois dos 40 minutos, jogo praticamente ganho, em vez de pensar, dominar a bola, valorizar a posse da pelota, deu uma arrancada de maluco até adiantar demais e perder o controle.

Não havia razão para tomarmos aquele sufoco no fim, com um jogador a mais. Era pôr a bola no chão, pôr os patéticos na roda, manter a bola no ataque, em vez de tanto desespero.

Mesmo com os erros absurdos na hora de decidir o jogo, as falhas do ataque, a omissão do Alex Dias e do Cícero, desde o primeiro tempo, para mim estava claro que iríamos vencer. E acho que para todos nós.

Até que, aos 32 minutos, Júnior César cruzou para a área, a bola bateu em Adriano Magrão e voltou para a meia lua. Lenny tentou dominar, foi desarmado, a bola bateu nele e voltou para Magrão, livre na área.

O horroroso lateral esquerdo Nei, que marcou o gol deles no Maracanã, e caiu com a Ponte Preta no ano passado (e quase veio parar no Fluminense no começo do ano), deu condições de jogo a Adriano Magrão. O goiano mostrou que é melhor do Rafael Moura. Dominou, virou e arrematou como manda o figurino, de chapa, de pé direito, no canto.

Poderíamos ter matado o jogo lá pelos 40 minutos do segundo tempo, se Adriano Magrão tivesse calma, ao receber uma bola limpa cruzada pelo Carlinhos. Em vez de fazer o passe para um Lenny marcado ele tivesse chutado de primeira, talvez tudo fosse menos dramático.

Está claro que Rafael Moura não pode ser titular (Adriano Magrão é muito melhor), que Renato Gaúcho foi uma contratação acertada, que a perseguição da torcida contra o Fernando Henrique é exagerada (cobrança e pressão sim, porque ele tende a ser irresponsável, imaturo e tolo), mas não as agressões gratuitas que ele tem sofrido em pleno Maracanã e em listas inconseqüentes.

Trata-se de um goleiro dentro da média dos que atuam nos grandes clubes brasileiros, precisando apenas amadurecer como homem e ser humano. Fabinho, desta vez, foi excelente enquanto esteve em campo, assim como Arouca, Thiago Silva e Luiz Alberto.

Enfim, há um novo espírito, e se o Flu conseguisse um reforços para a lateral esquerda, um bom meio-campista e um centro-avante indiscutível, estaríamos bem para o Brasileirão, porque não há nenhum bicho-papão.

Foi uma noite perfeita: Eliminamos um inimigo detestadíssimo dentro do reduto deles, contra todas as opiniões e vontades, inclusive da mídia, e vimos o Flamengo eliminado dentro do Maracanã. Agora, esperemos uma boa estréia no Brasileirão contra um freguês de caderno, o Cruzeiro.

Uma outra boa notícia da quarta-feira, para quem percebe que o Flu depende de uma revolução interna para sobreviver, é que há uma grande chance de união entre o candidato Peter Siemsen e Paulo Mozart, da Tricolor de Coração, e seus respectivos grupos.

Trata-se de gente séria, competente, apaixonada, articulada, com projetos, e que dará tudo pela profissionalização do Flu. Acredito que, até a eleição, teremos boas notícias, e o Flu poderá ser redimido como clube grande.

E, aos brasilienses, teremos o Flu aqui mais uma vez contra o time do bandido Luiz Estevão. Desta vez, espero que não haja imprevistos e nem zebras.

Atlético Paranaense 0 x 1 Fluminense: Fernando Henrique (10); Carlinhos (5), Thiago Silva (10), Luiz Alberto (8) e Júnior César (6); Fabinho (7) depois Lenny (7), Romeu (6) depois Thiago Neves (6), Arouca (8) e Cícero (6); Alex Dias (4) e Rafael Moura (2) depois Adriano Magrão (8).
Cartões amarelos: Fabinho, Romeu, Luiz Alberto, Cícero e Thiago Neves.
Gol: Adriano Magrão, aos 32 minutos do segundo tempo.