Melhor do Rio !!!

Fluminense x Atlético-MG foi mais um jogo que acompanhei pela TV, via PPV, e o pior foi ficar com o telefone ligado para dar detalhes sobre o jogo a cada momento na rádio. A rádio passava o jogo do Botafogo no Maraca, mas eu só tinha olhos e ouvidos para tudo do Fluzão.

Antes de o jogo começar, mais uma baixa de última hora - o volante Sidney. O zagueiro Andrei entraria em seu lugar, mudando toda a estrutura do time. O queridinho da Cristiana Oliveira, pelo futebol que joga, nunca será um desfalque, mas o esquema tático acabou sendo modificado, algo que me irritou muito no primeiro tempo. Prefiro o Flu muito mais no 4-4-2 do que num 3-5-2, mesmo com os laterais que temos.

A partida começou com blitz total do Galo. Impressionante como o Atlético enfraqueceu comparado ao bom time que tinha no Brasileiro passado, mas eles ainda têm o perigoso Marques. O fator campo também os beneficiava, visto que o estádio Independência é um alçapão (se fosse no Mineirão teríamos vencido, a decisão da diretoria alvinegra foi certa para eles).

No início do jogo, muitas faltas, mas Paulo César de Oliveira - melhor árbitro do Brasil, mesmo não tendo dado um penal a nosso favor na semifinal do ano passado - marcava sempre em cima do lance. Era um duelo de dois 3-5-2 e o jogo já começou com cara de empate. Era triste constatar o fraco nível técnico dos seis zagueiros em campo. Se juntar todos não dá meio Ricardo Gomes.

E um dos nossos beques já começou falhando. Andrei fazia de tudo pelo lado esquerdo do campo, menos atuar como líbero. Logo nos primeiros minutos houve uma falta da intermediária. Pensei numa patada com direção, mas vi a bola subir ... Se fosse futebol americano, o placar teria sido aberto com um ponto. Em outro lance, pouco depois, ele apareceu livre pela esquerda, podia cruzar, mas tentou chutar e isolou de novo. Se for sempre assim nos treinos, o Casoba terá que colocar uma proteção para não quebrar a famosa janela tricolor.

O que Andrei mostrava de falta de coordenação, Carlos Alberto contrabalançava na habilidade. Ele quando toca na bola, ergue a cabeça e sempre parte com objetividade para frente. Há uns dribles de futsal em seu repertório que são lindos. É mais uma pérola que Xerém fabrica. Podem ser mais dez anos de investimento garantidos com um só garoto. Os atleticanos só conseguiam pará-lo com faltas. Se o Galvão pode gritar ?Giba, neles!!!?, eu me dava ao luxo de dizer ?Carlos Alberto, neles!!!?

Do lado deles, quem infernizava é o competente Marques. Quem diria que o salário dele é metade do ordenado de um atacante que está no nosso banco, mas o que posso fazer. César não conseguia parar o Marques e quando brecou o atacante deles tomou amarelo. Lamentável ver qualquer atacante um pouco rápido e razoavelmente habilidoso fazer a festa no César. O Romário, em um antigo pesadelo e com apenas uma perna, fez dois gols com a cordial marcação cesariana.

Com uma zaga falha como a nossa - há anos que o Flu não tem uma zaga tão fraca - é quase impossível não levarmos um gol. O fato sendo somado a um goleiro inseguro em bolas paradas torna a tarefa simples até para um time Arimatéia ou Bambalá. E aos 25 minutos, algo previsível ocorreu: mais um gol tomado. Uma falta foi rebatida, a bola sobrou na direita para o zagueiro Batata, que, livre, cruzou e Alexandre fez de cabeça, com o Zé Carlos só observando o meia deles escorar. 1 a 0 Galo e sentia que o filme do Anacleto estava se repetindo.

O Romário não recebia bolas no pé e era obrigado a sair para buscar jogo. Aliás, o peixe está liso. Se tivesse no jogo da Seleção contra o Paraguai no lugar de Luizão, o Brasil teria vencido mole, mas pode deixá-lo no Laranjal. Romário procurava fazer o seu centésimo gol em brasileiros, assim como Magno Alves queria fazer o seu trigésimo quarto com a camisa do Flu em nacionais, para virar o maior artilheiro de nossa história no campeonato.

Aos 29?, por pouco, Magnata não consegue. Ele chutou forte, de dentro da área. A bola passou muito perto, raspando a trave. Em seguida, aos 31?, resposta do Galo. Marques fez a festa na defesa, cruzou, a bola bateu na coxa de Reinaldo e quase entrou. Se fosse o antigo Reinaldo seria saco. Romário pagou um geral na defesa depois de mais esta falha.

No entanto, não adiantou muito. Aos 37?, Michel chutou, Murilo bateu roupa e Cicinho quase marca. Na nossa defesa, o Marques passava como queria. Pedia licença e todos davam, como se fosse uma dama. Já em nosso ataque, ninguém acompanhava o raciocínio do Romário, que sempre tocava de primeira. O repórter do Première foi muito feliz quando disse que aquilo feito com um toque pelo baixinho é executado com seis toques por qualquer outro.

O primeiro tempo acabou e o 1 a 0 saiu até barato. O meio-campo do Flu marcava muito mal e a saída de bola estava péssima. Era excessivo o número de passes errados e o nosso 3-5-2 mostrava ser um sistema vulnerável. Robertinho estava precisando mudar tudo no vestiário.

E, realmente, o Flu voltou outro para a segunda etapa. Aos 2 minutos, um susto. Zé Carlos saiu errado, Marques entrou livre, mas Murilo saiu bem, fechando o ângulo, e o atacante errou o alvo. O Murilo não estava tão mal, mas em vários chutes de longe surgia o temor porque ele não encaixava a bola. Parecia que fez escola na lavanderia de Oliver Kahn - mestre em bater roupa.

A nova cara do Flu na segunda etapa foi mostrada aos 6 minutos. César, quem diria, deu um belo passe para Magno Alves. Era Magnata e o goleiro. Antes do drible e do chute, o locutor do Première falou: ?Pode ser um gol histórico!!! Pode ser um gol histórico!!!?. Eu, com medo de ele secar, mandei bem alto: ?Cala a boca, seu filho da puta !!!? Em seguida gritei: ?Goooooooooool !!!!? Na hora nem me toquei que estava com o telefone ligado na rádio. Informei o gol e depois entrou o plantonista na linha: ?Tá maluco, Daniel? Todo mundo ouviu você gritando gol!? O plantonista Renato Sousa, tricolor da melhor qualidade, pediu para eu tomar mais cuidado na próxima vez.

Aos 10 minutos, a grande chance da virada. Romário, em mais um lance genial, achou o Magno e o deixou na cara do gol. Magnata chutou em cima do goleiro. Aos 12?, Carlos Alberto também teve uma oportunidade e quase faz. O engraçado é que na hora da jogada fui chamado no telefone para dar um panorama do jogo. Se o Flu faz gol ... seria uma áudio-cassetada histórica. Já pensou ... ?No Estádio Independência, em Belo Horizonte, segue Fluzão 1, gol de Magno Alves, Goooooooooooooool!!!!?.

A pressão do Flu pós-gol baixou um pouco e Robertinho fez a primeira alteração. Saiu Carlos Alberto e entrou Yan. A diferença entre os dois é brutal. O garoto joga com velocidade, tem sangue e suas jogadas são sempre para frente, já o Yan, para não me dar o trabalho de comentar muito, é, sendo benevolente, o contrário. Além disso tudo, o Yan ainda levou um cartãozinho amarelo para casa em um dos seus primeiros lances.

Romário era o grande garçom e, num dos seus vários bons serviços prestados, deixou o bom Marquinhos (está jogando muito mais do que o Flavio) na cara do gol. Ele, sem vocação para matador, acabou perdendo. A vontade do Romário está contagiando. O baixinho está até cercando para colaborar com a marcação.

Aos 27?, o jovem Paulinho - um nome que marcou a minha infância por causa da falta do tri - teve uma grande oportunidade e quase faz o segundo do Galo. Felizmente a bola não entrou. Nos últimos vinte minutos, o jogo ficou lá e cá. A indefinição era total. O pecado das duas equipes estava no toque final.

Roni entrou no lugar de Magno, aos 42 minutos, ainda teve uma chance, mas não deu. Terminou mesmo 1 a 1. Mais um pontinho. Fora de casa não é um mau resultado. Agora temos sete na tabela e estamos momentaneamente em quarto lugar.

O próximo adversário é outro Alvinegro enfraquecido - o Santos, do saudoso André Luis. Domingo, temos a obrigação de lotar o Maraca. Somos o melhor time do Rio e o nosso guerreiro Marcão deve voltar. Além disso, Romário - o rei do Maraca - fará o seu centésimo em brasileiros e Beto, se a ressonância não der nada, talvez até jogue. Atrativos não faltam.

Daniel Cohen - daniel.cohen@sempreflu.com